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Vivo em Belém (Lisboa) desde que me lembro. Assisti a muitas mudanças e a muitas coisas que deviam ter mudado e não mudaram.

Estava cá quando ergueram o CCB e quando o futebol d’Os Belenenses caiu à última divisão…e cá estarei para o ver de volta ao lugar onde pertence, a 1ª divisão.

Comecei a ir ao Estádio do Restelo com 7 ou 8 anos, acompanhado pelo meu avô que rapidamente me contagiou com um enorme amor pelos Azuis da Cruz de Cristo, amor esse que hoje arde da mesma forma que ardia naquelas tardes de bola no Restelo com o meu Avô Zé.

Já morei em vivendas e em apartamentos, já tive um quintal e já tive uma varanda com vista para a margem sul. Sou uma pessoa simples e, com o tempo, percebi que o espaço é aquilo que nós fazemos dele. O meu Avô costumava dizer-me que a felicidade “não está no quanto temos” mas sim em reconhecer que “o que temos é suficiente”.

No lote das coisas que nunca mudaram, há uma pedra enorme que é a questão da habitação, preços de sentido único, ascendente, em contraste com o seu tamanho, cada vez menor.

Da última vez que estive em processos de mudança de casa, mudança esta que eu espero que tenha sido definitiva- já não tenho idade para estas andanças- um amigo de longa data falou-me numa sua descoberta que se revelou um verdadeiro “arrumo” para a “pedra enorme” que a tantos ocupa espaço, físico e mental. Este seu achado eram “cubos”, que afinal são “kuboos”, mini-armazéns que passaram a servir de complemento à minha casa, onde guardo muitas conquistas e memórias que, apesar de estarem sempre presentes, já não cabiam debaixo do mesmo teto que eu.

Lá na KUBOO em Carnaxide sei que estão seguras e bem guardadas, as primeiras cartas que troquei com a minha mulher, as antigas camisolas e cachecóis do Belenenses que o meu avô me deixou, e a garrafa que estou a guardar para celebrar quando estiverem de volta à 1ª Liga.