Eu estava num longo processo de mudanças, a esvaziar o apartamento do meu falecido tio, o lugar onde passei a maior parte da minha infância, perto da praia de Carcavelos. O meu tio era o meu parente mais próximo, o meu lugar seguro.
Longas semanas a separar em caixas o que era para guardar e o que era para doar, a carregar mobília e eletrodomésticos pelas escadas, a stressar porque no fundo é o que estas mudanças nos fazem. Sentia-me dividido porque queria guardar algumas das coisas do meu tio perto de mim, mas tinha pouco espaço disponível em casa.
Ela costumava sentar-se todos os dias, depois de almoço, num banco amarelo num jardim perto da casa do meu tio. A ler sempre um livro diferente. Lembro-me da Ilíada, da Divina Comédia e do Paraíso Perdido.
Não tinha nenhum ar de entusiasta de literatura épica, mas quem é que realmente tem? E como é que aquela moça tinha tanto espaço mental para tais leituras diárias?
No meu último dia de mudanças, enquanto transportava as caixas que faltavam, encontrei a coragem que guardava dentro de mim para lhe fazer as minhas perguntas.
Ela sorriu. Falou-me da KUBOO e da tranquilidade que este Self-Storage conferia à sua rotina diária.
Eu tinha a certeza que precisava de saber mais, não só sobre ela, mas sobre esta KUBOO e o que lá faziam para tornar a sua vida tão simples. Por isso, convidei-a para um café.
O resto é história. Ou como gostamos de lhe chamar, o nosso próprio conto épico.
Acho que de certa forma Dante estava certo e o caminho para o Paraíso realmente começa no Inferno, mas se tiveres a sorte de ir parar à KUBOO, o caminho para o Paraíso está assegurado.